quarta-feira, 10 de novembro de 2010

ENEM

Olá.

Bom, como todo assunto polêmico eu não poderia deixar de escrever aqui. Ainda mais que resolvi matar aula hoje para ficar com a minha familia, então tive um tempinho a mais.

O tema de hoje é o fiasco mais comentado da semana: Enem.

Nem sei por onde começar a escrever sobre isso.
A desorganização da aplicação desta prova que tinha como pretensão tornar-se o vestibular unificado do Brasil, é apenas reflexo de toda a complexidade do problema educacional brasileiro.
Que é falho, precário, desvalorizado, sucateado e principalmente desigual.

Sem contar as regras que eles estipularam: era proibido o uso de relógios, mesmo analógico (Tudo bem, muitos vestibulares proíbem o uso, mas colocam relógios na sala, o enem não colocava.); o uso de lápis e borracha (o que seria contornável desde que a prova tivesse locais suficientes para rascunho, o que foi supostamente esquecido no segundo dia com 45 questões de matemática para resolver.)
Bom, o pior de tudo não são as regras, são os próprios fiscais não saberem delas, ou simplesmente passarem por elas. Muita gente comentou que tinha gente usando lápis, borracha e relógio. Mas isso não era o pior com relação as instruções dos ficais, cada sala recebeu uma informação a respeito do preenchimento da folha de respostas.
Se todos os fiscais responsáveis tivessem passado a mesma informação o problema da inversão de gabaritos teria sido contornado sem maiores transtornos. E para isso bastava apenas uma ligação ao INEP ou um clique na internet. Mas, todos se comportaram como se a tecnologia não existisse para auxiliar.

Mas, o que não dá para engolir são provas misturadas, com questões faltando e que não podem ser contornadas com apenas uma "reposição de prova", essas pessoas não fazem a menor ideia do que é sentar por duas tardes inteiras e dar o melhor de si? Estudar o ano inteiro e esperar por essa prova que deveria ser o passaporte de entrada para muitos alunos no ensino superior público e privado através do ProUni.
No ano de vestibular, você vai do céu ao inferno várias vezes ao dia, e se prepara psicológicamente para cada prova que você vai enfrentar.
Me lembro que na minha primeira visita ao cursinho, o coordenador disse: "Aqui te preparamos para que não haja nenhuma surpresa no dia da prova, afinal você já tem coisas demais para se preocupar". Um coordenador tem essa consciência, e um ministério inteiro não tem? Afinal, como essas pessoas chagaram lá? Fizeram curso de "Como ser um ministro em 5 passos, por correspondência?"

Saibam, que de qualquer maneira os danos causados por essa sucessão de incompetências não serão totalmente resolvidos.
Essa prova não poderá mais ser justa, pois: Se for aplicada só aos que foram prejudicados, se for aplicada a todos, ou se não for aplicada a nenhum, será da mesma forma desigual. Explico: Se for aplicada apenas a alguns, essas pessoas terão outra chance de ir bem (ou não) e já estarão desgastadas o suficiente pela primeira tentativa. Da mesma forma que se todos fizerem, todos estarão desgastados e putos pela primeira tentativa. E se nínguem fizer, as pessoas que foram prejudicadas por falhas de impressão, serão mais ainda injustiçadas.

Ou seja: Parabéns INEP, vocês conseguiram foder a vida de muita gente, de novo.
Porque ao menos, ano passado nínguem tinha feito a prova ainda.

Mas, só tinha que dar errado mesmo, né?
Comparando com os vestibulares regionais percebemos: quanto se paga para realizar o enem? Nada, para todos os alunos do terceiro ano do ensino médio, e para todos que declaram carência, sem toda a burocracia presente nos outros processos de isenção. E se pagarem, o preço é de R$ 35,00.
Quanto se paga por uma Fuvest, Unesp, Unicamp? Também existe a possibilidade de isenção, mas é muito mais seletiva e burocrática, e a taxa muito mais salgada R$ 100,00.
E, os vestibulares regionais possuem fundações próprias apenas para a formulação e distribuição das provas, não precisando de processos de licitação, muito menos tendo problemas de orçamento para a realização de provas.
Uma conta rápida: Quantas pessoas fizeram ENEM esse ano? Cerca de 4,6 milhões. E eu não tenho dados, mas APOSTO que a maioria é isento de pagamento, principalmente por causa do foco do ENEM. A despesa para impressão, e distribuição dessa prova é muito alta, para a média de arrecadação. Enquanto os vestibulares regionais atendem um público menor, com a maioria pagante, e um preço quase 3 vezes maior.
Essa prova realmente tem tudo para dar errado. Ou eles realmente investem dinheiro nisso e contratam uma empresa respeitável para realizar essa prova, como a Vunesp por exemplo. Ou criam uma própria fundação, acabando com as licitações e esses "profissionais competentíssimos"

Independente do que aconteça daqui para a frente, vos dou a minha opinião:
Todo mundo é culpado do que houve, inclusive eu, pois fui tão lesada quanto esses 4,6 milhões de pessoas, e deveria estar protestando e lutando pela valorização do estudante brasileiro, enquanto escrevo em um blog no aconchego do meu quarto. Enquanto assistirmos calados por eleições de palhaços, "vestibulares" desorganizados e líderes do país dizendo que "Tudo está bem", merecemos mesmo passar por isso.

Obrigada pela atenção,

@Fyndra